O doping continua ganhando de goleada do esporte
Certa vez, ao participar de uma entrevista coletiva, o médico brasileiro Eduardo de Rose, integrante da Wada (sigla em inglês para Agência Mundial Antidoping) foi bastante sincero ao dizer para os jornalistas presentes que o doping sempre estará à frente da luta contra as entidades que combatem as substâncias proibidas no esporte. Eu iria mais além: acho que esta vitória vem ocorrendo por ampla goleada, sem perspectivas de mudança a médio prazo, no mínimo.
É claro que a discussão a respeito do doping no esporte voltou com mais força neste final de semana, após a divulgação dos casos positivos de duas estrelas de primeira grandeza do atletismo mundial: o americano Tyson Gay e o jamaicano Asafa Powell, ambos campeões mundiais e medalhistas olímpicos nos 100 m rasos e revezamento 4 x 100 m. Além deles, a jamaicana Sherone Simpson, também medalhista olímpica, foi flagrada por uso de substância proibida, durante a seletiva de seu país para o Mundial de atletismo de Moscou, marcado para o mês de agosto. E pelo que consta, outros jamaicanos podem estar envolvidos neste escândalo.
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O mais alarmante, contudo, é ver outros exemplos de casos de doping, sem a mesma repercussão, pipocando aqui ou ali. Como o divulgado pelo jornal inglês “The Telegraph”, que publicou reportagem mostrando que a Turquia pode ser banida do Mundial de atletismo, pois 30 atletas teriam sido flagrados em exames recentes. Ou então na natação, com o caso de um jovem atleta russo de apenas 17 anos, Nikita Maksimov, que testou positivo para uma substância utilizada pela extinta Alemanha Oriental em seus atletas nas décadas de 70 e 80.
Quer mais um exemplo: o dinamarquês Mads Glaesner, campeão mundial dos 1.500 m em piscina curta no último Mundial de Istambul (Turquia), em 2012, também foi flagrado, por uso de substância estimulante. Só nesta temporada, a natação mundial contabiliza 14 casos anunciados, entre eles um brasileiro – Hugo Parisi, nos saltos ornamentais, após punição anunciada em junho.
Ao flagrar estrelas utilizando substâncias proibidas, o esporte mundial perde um pouco de sua credibilidade. Mas só assim, pegando os peixes grandes, é que será possível diminuir a vantagem do doping na luta por um esporte limpo.